Câncer é o que mais mata pacientes jovens
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), apesar de a leucemia ser o câncer mais curável, é ainda o que mais mata pacientes entre 0 e 18 anos. No Brasil, somente de 2001 a 2005, foi responsável por 34,5% de mortes nesta faixa etária. Estima-se que, atualmente, mais de 7.500 pessoas desenvolvam leucemia no país.
O que é leucemia?
A leucemia refere-se a um grupo de cânceres que afetam as células brancas do sangue. É uma enfermidade que se desenvolve na medula óssea, parte do corpo que produz as células sanguíneas, (células vermelhas, células brancas, e plaquetas). Um organismo com leucemia produz exageradamente certos tipos de glóbulos brancos, chamados blastos (células muito jovens), causando infecções, anemia e sangramento excessivo.
Causas da leucemia
A causa exata ainda não é conhecida, mas a doença é influenciada por fatores genéticos e ambientais e resultam de mutações somáticas no DNA, as quais podem ocorrer espontaneamente ou em função de exposição à radiação ou a substâncias cancerígenas, e tem sua probabilidade influenciada por fatores genéticos.
"Acredita-se que uma alteração na estrutura genética cause anomalias e multiplicação descontrolada dos glóbulos brancos. A origem desta alteração é ainda desconhecida, porém suspeita-se de alguns fatores, como fatores genéticos, anomalias inatas (síndrome de Down e anemia de Fanconi), exames de raio X, alguns tipos de vírus e substâncias químicas irritantes em altas doses, como o benzeno", explica o hematologista do Einstein, Dr. Nelson Hamerschlak.
Sintomas da leucemia
Os sintomas são consequências do acúmulo de células afetadas na medula óssea, o que pode prejudicar ou mesmo impedir a produção dos glóbulos vermelhos (anemia, enfraquecimento, cansaço crônico), dos glóbulos brancos (infecções, febres de causa não explicada) e das plaquetas (sangramentos de gengivas e nariz, manchas roxas (equimoses), ou pontos vermelhos na pele).
"São comuns especialmente sangramentos pelo nariz, gengivas ou menstruações muito intensas, sem razão aparente. Infecções recorrentes, dor nas articulações e nos ossos, inflamação e aumento de tamanho dos nódulos linfáticos, baço e fígado também são sintomas da doença, explica o Dr. Nelson Hamerschlak.
Segundo o médico, os sintomas são similares aos de muitas doenças comuns, porém, depois de algum tempo, tornam-se mais graves e persistentes. O paciente pode apresentar gânglios linfáticos inchados, com ausência de dor, principalmente na região do pescoço e das axilas; febre ou suor noturno; perda de peso sem motivo aparente; desconforto abdominal (provocado pelo inchaço do baço ou fígado); dores nos ossos e nas articulações.
Caso a doença afete o Sistema Nervoso Central, podem surgir dores de cabeça, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação.
Principais tipos de leucemia
A leucemia pode ser classificada, de acordo com o grau de evolução (imaturidade das células), em crônica ou aguda. E também está relacionada à célula que lhe deu origem ou a sua linhagem, sendo classificada em mieloide, quando as células mieloides são afetadas, ou linfoide, quando a leucemia afeta as células linfócitas.
O tipo agudo da doença é desenvolvido rapidamente e caracterizado pelo crescimento veloz de células sanguíneas imaturas. Apresenta altas taxas de cura em crianças (cerca de 80% delas são curadas com quimioterapia ou transplante de medula óssea). Em adultos este número é menor. No entanto, uma boa parte dos casos é curada com procedimentos intensivos, como o transplante de medula óssea.
Já a leucemia crônica desenvolve-se lentamente e aparece mais frequentemente em adultos. É caracterizada pelo acúmulo de células sanguíneas relativamente maduras, porém ainda assim "anormais".
Tanto na leucemia aguda como na crônica, é produzido um número extremamente alto de glóbulos brancos anormais que invadem a medula óssea. Se combinarmos as duas classificações, existem, então, quatro tipos mais comuns de leucemia:
- Leucemia linfoide crônica: afeta células linfoides e se desenvolve vagarosamente. A maioria das pessoas diagnosticadas com esse tipo da doença é idosa. Raramente afeta crianças.
- Leucemia mieloide crônica: afeta células mieloides e se desenvolve vagarosamente, a princípio. Presente principalmente em adultos.
- Leucemia linfoide aguda: afeta células linfoides e agrava-se rapidamente. É o tipo mais comum em crianças pequenas, podendo ocorre também em adultos.
- Leucemia mieloide aguda: afeta as células mieloides e avança rapidamente. Ocorre tanto em adultos como em crianças.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito por meio de uma análise laboratorial ao paciente, como o hemograma (exame de sangue), que deverá estar alterado em caso de leucemia. "Porém, a confirmação só é feita com exames da medula óssea, entre eles o mielograma. Nestes exames retira-se material esponjoso de dentro do osso para que sejam examinadas as células encontradas", explica o médico.
Segundo o hematologista, nos últimos anos foram obtidos grandes avanços no tratamento da leucemia, entre eles a quimioterapia, a radioterapia, o transplante de medula óssea e um tratamento terapêutico-alvo, em que o paciente é submetido a medicamentos especialmente desenvolvidos para destruir as células cancerígenas.
O tratamento da leucemia aguda ocorre em fases. Inicialmente, é feito por meio de quimioterápicos e pode ter um resultado positivo por um período pequeno de tempo. "Dependendo do tipo de leucemia, há a necessidade de prolongar o uso desses medicamentos (terapia de consolidação e manutenção). O tratamento em longo prazo pode durar, em alguns tipos da doença, até dois anos e meio ou três anos. Nesse período, determinados remédios combinados são utilizados para prolongar e manter a remissão da doença (ou seja, a não evolução)", explica o Dr. Nelson.
Na leucemia mieloide crônica usa-se hoje a terapia-alvo com medicação específica, e o paciente irá tomá-las pelo resto da vida. A resposta total é chamada cura funcional, isso é o paciente está "curado" enquanto tomar a medicação.
Na leucemia linfoide crônica, grande parte das pessoas não são tratadas, mas só observadas. O tratamento, quando necessário, é extremamente bem tolerável. São raros os pacientes que não respondem bem aos métodos terapêuticos.
A eficácia do tratamento está relacionada ao tipo de leucemia, à gravidade da doença e à resposta do paciente.
"Novas pesquisas são feitas constantemente e estão dirigidas a métodos diagnósticos e prognósticos, ao desenvolvimento de novos medicamentos e a tipos mais seguros de transplante de medula óssea", finaliza o médico.De acordo com o médico, os tratamentos quimioterápicos podem piorar temporariamente a anemia e também reduzir muito a contagem de plaquetas. Portanto, para que estes possam ser aplicados na sua totalidade e obter-se os melhores resultados, também é realizada uma terapia de apoio, como transfusão de sangue e/ou plaquetas e o uso de antibióticos. E estes combinados a dietas nutricionais e a terapias integrativas, como yoga, meditação etc.
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